Recentemente
me peguei pensando em como foi inevitável que me tornasse um profissional da
beleza. Afinal, que outro destino um filho único, praticamente criado pela avó
e desde pequeno cercado por mulheres e seus cuidados de beleza poderia ter? Era
creme para isso, creme para aquilo, tal produto de cabelo, essa ou aquela roupa
está ou não na moda, qual sombra combinava melhor com suas roupas e por ai
segue. E falar das roupas das outras, então? Nossa, bastava sentar por alguns
segundos na calçada e passar a primeira pessoa que cometesse um pequeno deslize
na vestimenta que, do alto de seus conhecimentos fashionistas, elas fariam
qualquer orelha derreter. Era muito divertido!
Se você, minha
cliente ou amiga, algum dia chegou a pensar que, por algum segundo,
eu não entenderia suas necessidades femininas, estava errada. Você consegue imaginar um garoto crescer cercado por no mínimo cinco mulheres que mensalmente estavam na TPM? Berros, choros, dramas, palavras de ódio e amor vomitadas juntas e diluídas em lágrimas eram rotina. E eu pacientemente esperava a tempestade passar, já estava calejado e sabia que aquilo não duraria muito. E mais uma vez me divertia.
eu não entenderia suas necessidades femininas, estava errada. Você consegue imaginar um garoto crescer cercado por no mínimo cinco mulheres que mensalmente estavam na TPM? Berros, choros, dramas, palavras de ódio e amor vomitadas juntas e diluídas em lágrimas eram rotina. E eu pacientemente esperava a tempestade passar, já estava calejado e sabia que aquilo não duraria muito. E mais uma vez me divertia.
Mas a
lembrança que, penso eu, mais me influenciou, é a delas se enfeitando. Adorava
ver minha mãe se maquiando e, atualmente, cheiro de maquiagem é um portal
direto para infância (alguns truques que uso no trabalho são tão antigos quanto
esta lembrança). Minhas primas e tias escolhendo roupas, emprestando peças umas
às outra para montarem o melhor “look” me encantava. A única parte chata era
não poder acompanha-las aos eventos.
E assim fui
crescendo, bombardeado de informações sobre o universo feminino, que me
deixavam extasiado. Até que chegou um período em que eu as ajudava, penteava
cabelos, opinava nas roupas e até maquiava, nada como o que faço hoje, mas para
elas estava tudo lindo. Sentia-me muito feliz.
Diante de toda
esta história, lanço uma pergunta: eu poderia evitar me tornar um profissional
do ramo da beleza? E olhe que eu tentei!
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