27 de maio de 2013

O concebido entre as mulheres


Recentemente me peguei pensando em como foi inevitável que me tornasse um profissional da beleza. Afinal, que outro destino um filho único, praticamente criado pela avó e desde pequeno cercado por mulheres e seus cuidados de beleza poderia ter? Era creme para isso, creme para aquilo, tal produto de cabelo, essa ou aquela roupa está ou não na moda, qual sombra combinava melhor com suas roupas e por ai segue. E falar das roupas das outras, então? Nossa, bastava sentar por alguns segundos na calçada e passar a primeira pessoa que cometesse um pequeno deslize na vestimenta que, do alto de seus conhecimentos fashionistas, elas fariam qualquer orelha derreter. Era muito divertido!
Se você, minha cliente ou amiga, algum dia chegou a pensar que, por algum segundo,
eu não entenderia suas necessidades femininas, estava errada. Você consegue imaginar um garoto crescer cercado por no mínimo cinco mulheres que mensalmente estavam na TPM? Berros, choros, dramas, palavras de ódio e amor vomitadas juntas e diluídas em lágrimas eram rotina. E eu pacientemente esperava a tempestade passar, já estava calejado e sabia que aquilo não duraria muito. E mais uma vez me divertia.
Mas a lembrança que, penso eu, mais me influenciou, é a delas se enfeitando. Adorava ver minha mãe se maquiando e, atualmente, cheiro de maquiagem é um portal direto para infância (alguns truques que uso no trabalho são tão antigos quanto esta lembrança). Minhas primas e tias escolhendo roupas, emprestando peças umas às outra para montarem o melhor “look” me encantava. A única parte chata era não poder acompanha-las aos eventos.
E assim fui crescendo, bombardeado de informações sobre o universo feminino, que me deixavam extasiado. Até que chegou um período em que eu as ajudava, penteava cabelos, opinava nas roupas e até maquiava, nada como o que faço hoje, mas para elas estava tudo lindo. Sentia-me muito feliz.

Diante de toda esta história, lanço uma pergunta: eu poderia evitar me tornar um profissional do ramo da beleza? E olhe que eu tentei!

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